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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Entrevista com MIBR.chataum

Na entrevista, chataum fala sobre o início de ano conturbado do MIBR, que só contratou um time em Maio. Por que tanto tempo passou? Outras equipes foram sondadas? Ele responde. O carioca de 24 anos ainda fala sobre os resultados, sobre a mudança na line-up e sobre Paulo Velloso. Qual o atual papel do dono do MIBR?

Leia:

O MIBR começou 2010 sem nenhum time e seguiu assim até Maio. Quando a organização dispensou a equipe em Novembro de 2009, quais eram os planos para o novo ano?
Assim que ficamos sem time em Novembro de 2009, tentamos chegar a um acordo com os até então jogadores do Firegamers, já para eles participarem da Extreme Masters nos Estados Unidos com a nossa tag. Como o acordo acabou não fechando, decidimos esperar passarem as festas de final de ano para buscar uma nova equipe.

O novo time só foi anunciado em Maio. Por que o MIBR demorou tanto tempo para contratar novos representantes?
Porque o calendário do início de 2010 não estava bom. Não precisávamos correr para escolher um novo time, por mais que nós já tivéssemos interesse há algum tempo nos jogadores do playArt. Cheguei a postar uma vez no site que os jogadores que queríamos já estavam treinando, e não era mentira, visto que o time do playArt vinha treinando forte para a ESWC Brasil.

Chegou a ser noticiado em alguns portais que o MIBR estava falindo e que iria acabar. Em algum momento essa possibilidade foi cogitada na organização? O MIBR esteve perto do seu fim?
O MIBR existe desde 2002 e, se eu não me engano, nunca havíamos ficado tanto tempo sem uma line-up. Temos bastante torcida e é normal que fiquem apreensivos com o futuro da equipe. Internamente, nós sabíamos que o time não iria acabar.

O quão impactante seria para o cenário se o MIBR terminasse?
Não sei. Há outras equipes que são tão importantes quanto o MIBR para o Counter-Strike brasileiro como um todo. Mas boa parte do público que acompanha os torneios de CS associa o jogo aqui no Brasil ao MIBR, por toda a tradição que temos e pelos títulos que já conquistamos em toda a nossa história. Com isso, quando fecharmos as portas, boa parte da comunidade vai começar a pensar que a época do CS está passando.

Nesse tempo todo, você também foi bastante criticado. Por toda essa pressão, você pensou em deixar o MIBR por não valer a pena se dedicar ao projeto?
Eu nunca me senti pressionado por estar no MIBR. Nunca deixei de entrar no IRC e ler os pvts durante as derrotas do time. Também nunca deixei de postar notícias, responder os posts no Twitter ou comentários no Orkut por causa disso. Se eu não soubesse conviver com as críticas, não teria ficado tanto tempo no MIBR. Se um dia elas sumirem, vou sentir falta e achar que não temos mais admiradores.

Na época em que o MIBR estava sem time, o bruno, que era do Firegamers, deu uma entrevista ao portal Teamplay dizendo que eles não voltariam para o MIBR e que haviam negado um contato para uma possível contratação. Esse interesse realmente existiu? E o que você tem a dizer sobre aquela declaração?
Sim, existiu. Mas esse não foi o primeiro nem último não que recebemos de um jogador. Não vi problema algum na declaração feita por ele.

Desde que o MIBR dispensou a antiga line-up, a comunidade pedia a contratação do playArt. E isso realmente aconteceu. Como a direção chegou à conclusão de que os brasilienses eram a melhor opção?
Foram dois terceiros lugares, um na WCG Brasil e outro na ESWC Brasil, além do título da DIDE Brasil. Eles provaram, com resultados expressivos nacionalmente, que estavam aptos a bater de frente com os recém-dispensados jogadores do MIBR e a até então line-up do Firegamers. Não foi uma escolha difícil.

Com a entrada do time de CS, o MIBR ganhou novas divisões como FIFA e Carom 3D. Essa foi uma condição imposta pelo playArt para que o time de CS entrasse para o MIBR ou você tinha o interesse de investir em outras modalidades?
O Peace, dono do playArt, já vinha há algum tempo com o time conquistando bons resultados nas outras modalidades e ele sempre gerenciou essas divisões de maneira bastante competente. Então, assim que começamos a conversar sobre o time de CS, surgiu o interesse de ambas as partes de trazer também com eles os jogadores das outras três divisões.

Logo no primeiro campeonato, que foi o qualify on-line para a KODE5 Latin America, a equipe não teve boas apresentações. Baseado somente nesse campeonato, você pensou que talvez não tivesse feito a escolha certa?
Não. Não tivemos como avaliá-los tecnicamente naquele torneio. Para mim, os organizadores do torneio acabaram agindo de má fé, mas concordo também que se os jogadores tivessem um pouco mais de experiência em torneios internacionais não teriam deixado aquele tipo de coisa acontecer. Em momento algum passou pela minha cabeça me arrepender pela escolha por causa daquilo.

O time tem uma característica muito marcante que é a amizade, o que faz com que as possíveis mudanças de line não sejam baseadas em resultados. O quão benéfico é isso? E existe algum ponto negativo nesse quesito?
Não acho que amizade seja pré-requisito para o sucesso de uma equipe de Counter-Strike. Dá para formar um time bom com cinco jogadores que se odeiam? Sim. Mas o fato deles serem amigos faz com que o compromisso de cada um em relação ao time como um todo seja bem maior do que no exemplo que citei. Nenhum deles chega para treinar com má vontade ou vai para um torneio desmotivado, pois sabe que ao lado dele estão quatro amigos e que o desempenho dele jogo a jogo irá interferir diretamente na satisfação de pessoas que ele gosta. Então ele acaba dando um gás a mais para não decepcioná-los. Além disso, é muito mais fácil trabalhar em um ambiente harmonioso. Sendo assim, não vejo ponto negativo algum no fato deles serem amigos.

A entrada do viol para o MIBR foi cercada de desconfiança, mas ele foi o destaque da equipe logo nos seus primeiros campeonatos. O que você tem a dizer sobre a entrada dele? Você também concorda que o time melhorou muito com a mudança?
O viol tem um histórico imenso de torneios, se destacou no KaOz, no BYE e no playArt. O público da antiga geração o conhecia, apenas os novos desconfiaram. Eu confesso que não esperava dele atuações tão destacadas nos primeiros torneios. Ele entrou muito bem no time, se destacou individualmente em diversas partidas e eu garanto que hoje quase ninguém mais acha que o MIBR fez a escolha errada em chamá-lo. Eu tenho certeza que o time melhorou com a entrada dele. É um ótimo jogador.

O título da FIRE tirou um peso das costas do MIBR, de acordo com o Maluk3, em entrevista ao nosso site. A organização também se tranquilizou depois de campeonatos “batendo na trave”?
Como em qualquer esporte, o atleta ou o time é movido a títulos. Com o MIBR isso não é diferente. O brasileiro não está acostumado com segundo lugar, e nós vínhamos sentindo falta de um título de expressão. A conquista da FIRE Brasil foi sem dúvidas um divisor de águas para este time que nós já sabíamos que era bom, mas que precisava de um título para ganhar ânimo para os próximos torneios. Foi, para mim, o torneio mais importante disputado por esta line-up desde que entraram no MIBR.

A comunidade ainda critica o atual time do mibr, mas a direção da organização sempre se mostrou muito confiante no trabalho de seus representantes. Essa confiança é importante para a equipe?
Acredito que sim, mas isso eles poderiam responder melhor do que eu.

Qual sua avaliação da participação do MIBR na DreamHack Winter 2010?
Caímos em um grupo forte e a inexperiência desta line-up em torneios europeus contribuiu para a eliminação precoce do time no torneio. De 2002 a 2009, mandávamos o time semanas antes para a Inferno Online para treinarem contra times europeus e se adaptarem ao estilo de jogo deles. Eu queria que eles tivessem se classificado e conseguido um resultado melhor, mas sabia que essa não era uma tarefa fácil.

O MIBR trouxe diversas inovações em 2010, como o uso do Twitter nas coberturas e a MIBR.TV. Qual é sua avaliação sobre todas as novidades que o MIBR trouxe ao mundo do e-sport e o que se pretende para o próximo ano?
Eu sempre gostei de acompanhar os torneios de CS, e sempre vi pelos comentários do site que o público se empolga tanto quanto eu assistindo uma partida. Tenho uma equipe muito boa no meu site e, com ela, tento sempre arrumar novas maneiras de realizar as coberturas dos eventos para facilitar a vida de quem está acompanhando o torneio de casa. Busco sempre avaliar o feedback do nosso público para estar sempre melhorando no que é possível. O Twitter nos ajudou bastante na cobertura em tempo real e a MIBR.TV pra mim é algo que já é muito bom, mas que pode melhorar ainda mais. As novidades para 2011 irão girar em torno da transmissão dos eventos.

Em 2010, você ganhou uma importância muito grande no MIBR e é o responsável por tudo que acontece na organização. Qual é o atual papel do Paulo Velloso, dono do Made in Brazil?
O Paulo gerenciou o time desde a sua criação até 2009, mas sua presença foi exigida em outra frente e ele acabou ficando sem o tempo necessário para cuidar do MIBR. Porém, ele continua sabendo de tudo o que acontece no time e dando os seus palpites, fazendo suas sugestões. É importante falar que ele sequer ameaçou deixar o time, que pertence a ele. Há planos em stand-by para o time, que dependem apenas da sua disponibilidade para voltar a tocar os projetos.

Muitos se perguntam se o Paulo Velloso voltará a investir fortemente como fazia há alguns anos. Qual a sua opinião? É possível que isso aconteça em 2011?
Talvez. Vai depender da disponibilidade dele em voltar a ter tempo para administrar o time de perto.

Você acredita que esse certo afastamento do Paulo Velloso se deve à acontecimentos e comportamentos de outros times que passaram pela organização?
Acredito que não. Ele realmente precisou se afastar para dedicar mais tempo a outras frentes, mas ele nunca fechou as portas para o MIBR, tanto que continua trocando e-mails comigo para me auxiliar na administração do time, deixando aberta a possibilidade de voltar assim que possível.

Qual o balanço que você faz do ano de 2010 de todo o Made in Brazil?
Acho que houve evolução da line-up de CS desde que entraram, adquiriram experiência internacional e estão melhores tecnicamente. Quanto as outras divisões, destaco os jogadores de FIFA, principalmente o Pires, que foi vice-campeão da ESWC e que representou muito bem, não só o MIBR, mas todo o Brasil.

Quanto ao site, houveram evoluções importantes, novas pessoas chegaram para fazer parte da nossa equipe e hoje temos um público ainda maior que do início do ano. Conseguimos cobrir eventos presencialmente e agora temos também a MIBR.TV, o que faz com que o nosso site tente sempre oferecer o que há de melhor ao nosso público durante os torneios.

Quais são as suas expectativas para 2011?
Embalar, a partir dos últimos resultados, tanto em torneios nacionais quanto internacionais. E também fazer alterações no site para oferecer cada vez mais facilidades ao nosso público.

Muito obrigado pela entrevista, chataum. Um espaço para sua mensagem final.
Desejo à todos que nos acompanham um Feliz Natal e um ótimo 2011. Também gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer o esforço que cada jogador e membro da staff teve neste ano que passou e também as empresas que confiam no nosso trabalho e nos patrocinam.

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